LEITURA/ ISOLAMENTO SOCIAL
ISOLAMENTO SOCIAL PROPORCIONA MAIS TEMPO PARA DEDICAR A HÁBITOS DE LEITURA |Por Juliane Marinho
Os amantes de leitura ganham a possibilidade de estarem conectados aos livros para se distrair diante das medidas de isolamento social imposta por conta da Pandemia de Covid-19
Desde a chegada do isolamento social por conta da Pandemia de Covid -19 as pessoas tiveram que se reinventar as formas de consumir entretenimento. Abraços, festas, encontros sociais foram substituídos pelos meios digitais como séries de TV, lives, músicas e os livros. A leitura é um hábito ou uma atividade que nos proporciona diversos efeitos, uma vez que é possível experimentar a ação dos verbos viajar, aprender, imaginar, criar. Além de exercitar a mente a leitura desenvolve foco, concentração, ajuda manter o cérebro saudável e previne doenças como Alzheimer.
Segundo a pesquisa da linguista estadunidense Naomi Baron descobriu que ler e escrever no papel estimula a melhorar o funcionamento do cérebro. Naomi estudou os hábitos de leitura de 300 estudantes universitários de quatro países (Estados Unidos, Alemanha, Japão e Eslováquia). E o resultado foi que 92% desses estudantes dizem que é mais fácil se concentrar em um livro de papel do que digital.
No entanto, leitura sendo no papel ou não ainda é um ato válido. É importante ressaltar o ato de ler está presente em nosso cotidiano. Seja lendo uma revista, anúncio, bula de remédio, um posts nas redes sociais, o jornal impresso ou online. Mas há quem prefira os livros que exige um pouco mais de dedicação e paciência. Dentre ele existem de vários gêneros como romance, suspense, literatura brasileira e estrangeira. Para Waleska Passos, 25, Faturista, que ler semanalmente prefere ler biografias, ficção, espiritualidade, a importância da leitura em sua vida é a maneira mais completa de instruir, capacitar e também entreter o ser humano. Já com a chegada do isolamento social os amantes de leitura podem aproveitar a oportunidade de se dedicar a leitura por conta das horas de ociosidade. “Li bastante durante a quarentena, pelo menos uns 3 livros por mês. Leio mais devagar, tentando ir colocando a leitura entre as outras atividades”, diz Waleska.
Os livros são um grande refúgio para quem teve que se adaptar com a solidão do distanciamento social que foi imposta por conta da doença do Coronavírus. Por conta da correria de antes da Pandemia provável que muitas pessoas não tinham um espaço reservado à leitura de um livro. A estudante de pós- graduação em Letras, Janyele Gadelha, 28, a leitura é o seu estudo, trabalho e prazer. Ao se adaptar ao novo ritmo de leitura ela conta a experiência durante o isolamento social “No início foi complicado, mas quando me adaptei a situação peguei o ritmo. Esse ano já li 34 livros, a grande maioria no período da quarentena”.
Para a Psicóloga Flávia Ibiapina a leitura é extremamente importante e que é difícil viver sem ela já que evolução humana está associada à leitura sempre. Visto que a partir da educação e conhecimento a nossa sociedade estará se encaminhando para evoluir. Diante dos desafios de ficar isolada em casa por conta da Pandemia, ela podem nos ter trazidos alguns benefícios em relação a esse hábito “A leitura apresenta-se como um momento de lazer, o que pouco tivemos na quarentena. Possibilitou momentos de bem estar e melhor adaptação ao momento de crise”, comenta a Psicóloga.
Uma pessoa que ler escreve e fala tem mais vantagens diante das interações sociais. O comportamento de pessoas assim leva traz efeitos positivos como “Ampliação e evolução da consciência; autoconhecimento; ampliação da visão crítica; ampliação da visão sistêmica, diz Flávia. A profissional também acrescenta que um dos benefícios sociais que a leitura ocupa a mente forma saudável, logo preenchendo o tempo e o desejo de partilhar mesmo que seja virtualmente (por conta da Pandemia) com pessoas com que nos relacionamos. E que a leitura atiça a curiosidade e o desejo de uma boa conversa.
ESCRITA
JOVENS APROVEITAM O PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL PARA ESCREVER |Por Jonathan Alves
Autoras como Gabriela Morais e Ary Amorim usaram esse tempo para demonstrar seus talentos na escrita.
Jovens escritores surgiram durante esse período de isolamento social por causa da pandemia do novo Coronavírus. Em Fortaleza, no Ceará, como exemplo, temos a universitária da Universidade Federal do Ceará (UFC) – Gabriela Morais, 19, – que cursa Letras e Ary Amorim, 30, – Bibliotecária–que está escrevendo um conto chamado “MA-NO-E-LA”.
Segundo Gabriela Morais, o distanciamento social motivou a sua criatividade para escrever durante a quarentena. “Acho que a falta de contato com as pessoas fez com que a necessidade de escrever ficasse mais forte, com o mundo todo fora de controle, ter aquele rápido momento em que eu podia saber e fazer as coisas darem certo nos meus livros, me ajudava a ficar calma e permanecer bem”, respondeu.
Gabriela também contou que esse tempo de quarentena os jovens escritores ganham mais liberdade no ato de escrever. “Com toda certeza o amparo emocional foi o mais forte. Isso porque quando eu escrevo, não havia paredes me prendendo. Eu podia ir para onde quisesse e ser quem eu quisesse. Essa liberdade que a escrita me traz, foi um ponto muito importante para suportar tudo o que a quarentena arrastou para a vida de todo mundo”, afirmou.
De acordo com a jovem escritora, o processo da escrita foi algo que começou desde a infância. “Eu leio desde meus 11 anos, e depois de um tempo e de vários livros, eu comecei a questionar os finais e as ações dos personagens. Atualmente eles me ajudam a viver, de forma que me sinto sufocada quando não escrevo. Escrever para mim é tão essencial quanto respirar ou comer”, redarguiu. Segundo Morais, é necessário não se privar imaginação para poder escrever. “Não se pressionem e continuem imaginando, deixem a criatividade ter vontade própria e não se privem de imaginar”.
Gabriela manda um recado especial para quem jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de escrever um dia. “De início tudo que você escreve parece ruim e se for algo voltado ao gênero de fantasia vai parecer louco, mas com o tempo e as revisões as pontas vão se encaixando. Lutem pelos personagens que criam, porque cada um deles é uma parte sua”, finalizou.
Ary Amorim, 30, é outra jovem talentosa que iniciou a escrita durante esse período de quarentena. Formada em Biblioteconomia, Ary começou a escrever um romance de época, que são aquelas narrativas que usam um determinado período histórico como panorama, mas ficam com afinco, no desenrolar do romance.
Segundo Ary, a sua maior motivação ao iniciar o processo de escrita durante esse o isolamento social veio de si mesma. “A necessidade de ressignificar a condição em que o mundo todo está inserido, transformando em arte. O meu processo de escrita inclui fundamentalmente uma conexão comigo mesma e com o mundo ao meu redor. Como a quarentena nos permitiu olhar um pouco mais para dentro de nós mesmos, uma vez que nos obrigou a diminuir o ritmo acelerado em que vivemos a nossa vida, ela foi uma fonte de inspiração”. A autora também citou os benefícios da escrita. “No meu caso, o maior benefício foi me manter criativa e esperançosa. A arte faz isso conosco”, afirmou.
Sobre a construção do texto de seu conto, Ary Amorim revelou que foi necessário uma profunda reflexão sobre o dois nichos: amor e a paixão. “Eu passei dias refletindo se era possível pensar em amor e paixão em meio a uma pandemia e a uma quarentena, então me sentei e coloquei no papel aquilo que considerei como sendo uma possível resposta à pergunta “É possível?”. É uma história de amor fictícia que nasce no contexto pandêmico trazendo esperança e vida nova. A reflexão foi muito inspiradora”, replicou.
Ao finalizar a entrevista, Ary mandou um recado para futuros jovens escritores: “Escreva! Coloque para fora e depois você pensa no que faz”.
ARTIGO DE OPINIÃO LITERATURA |Por Vitória Costa
A leitura durante o período de quarentena
A quarentena causada pelo Coronavírus levou as pessoas a consumirem entretenimento. Séries e filmes oferecidos por serviços de streaming ajudaram muitos a preencher o tempo. Além deles, a leitura se tornou um grande aliado para quem deseja desfrutar uma boa história, aprender algo prático e adquirir conhecimento sobre o mundo. Mas em tempos de tanta incerteza este hábito é mais do que um simples entretenimento. É também uma forma de se conhecer.
Ócio e o processo de autoconhecimento estão ligados. É necessário tempo e “cabeça fresca” para pensar com clareza. O que seria quase impossível com a rotina estressante de trabalho, faculdade e filhos. Ócio é um termo mal entendido. Para o filósofo grego Platão, este é a base para a filosofia, conectado com a verdade e a liberdade, pois só quem tem tempo livre pode se dedicar ao pensar. Para os gregos, ócio significava se dedicar as ideias, à espiritualidade e à apreciação da verdade e da beleza.
A literatura consegue possibilitar o pensar de uma forma profunda e autorreflexiva. No primeiro momento, o leitor esquece das suas próprias preocupações para focar nos personagens e na narrativa. No desenrolar da trama, nossas emoções se voltam para o personagem, desenvolvendo empatia e se reconhecendo nele. Esse ato de se reconhecer no outro faz com que o leitor não se sinta tão sozinho no mundo. Em uma sociedade na qual a aparente felicidade é exacerbada, e as relações sociais mais frágeis, a chamada modernidade líquida de Zygmunt Bauman, a literatura entra como um ponto de encontro com o humano.Ponto de encontro, pois a literatura é uma expressão do ser humano. Nela, o campo é livre para se expressar, não necessariamente um guia moral. O autoconhecimento é também se ver como um ser ambíguo, capaz de bondade e maldade. Apesar de esse tema ser comentado por blogueiras em redes sociais, ela é sempre voltada para a áurea da positividade. A franqueza das obras literárias, principalmente as clássicas, promovem um discurso mais profundo sobre isso.
Alguns escritores apresentam uma escrita mais intimista, mais voltada para a autorreflexão. As obras de Clarice Lispector mostram personagens comuns, e que por algum evento aparentemente banal, remoem toda a sua existência. O uso do fluxo de consciência torna a relação autor-leitor mais próxima, quase íntima. Os livros considerados clássicos, além de trazerem o contexto em que foi feito ,precisam ser atemporais. Autores como Shakespeare e Dostoiévski são lidos não para descobrir o final, mas sim para descobrir a si mesmo. Obras de escritores como estes tratam sobre temas de relevância atuais. Questões existenciais e a busca pela verdade são temas relevantes desde a Grécia Antiga.
“Conhece-te a ti mesmo”, aforismo atribuído a Sócrates e que faz parte da frase “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”, traz a essência desse processo. Somente com o autoconhecimento que é possível enxergar as limitações, os desejos, os pontos fortes e negativos. Tudo isso visto por uma ótica franca e sensata, algo que a literatura pode oferecer.
Referências (pesquisa da primeira matéria)
https://www20.opovo.com.br/app/maisnoticias/curiosidades/2015/02/23/noticiascuriosi dades,3397069/ler-e-escrever-no-papel-pode-ser-melhor-para-o-cerebro-diz- estudo.shtml
https://exame.abril.com.br/ciencia/ler-e-escrever-no-papel-faz-bem-para-o-cerebro-diz- estudo/amp/
Equipe: Juliane Marinho, Jonathan Alves, Vitória Costa.
Matéria produzida e pelos universitários do 6º semestre do Curso de Jornalismo da Faculdade Cearense de Fortaleza Ceará em 16/12/2020.